Romantismo - Prosa Regionalista

O Romance regionalista também foi uma forma de resgatar os costumes e a identidade nacional. Nesse tipo de prosa romântica, as histórias se passavam nas diversas regiões do país, na qual, características e  costumes de cada região eram mostradas. Isso inclui também a linguagem regional.

O interesse de conhecer as diversas culturas que formam o Brasil, fez com que autores como o Visconde de Taunay e José de Alencar (como sempre) se inspirassem em produzir histórias de caráter regionalista. As principais histórias foram: Inocênica (Visconde de Taunay), A Escrava Isaura (Bernando Guimarães), "O Gaúcho" e "O Sertanejo" de José de Alencar.



Trechos de Inocência:

Idealização feminina

Apesar de bastante descorada e um tanto magra, era Inocência de beleza deslumbrante.
    Do seu rosto irradiava singela expressão de encantadora ingenui-dade, realçada pela meiguice do olhar sereno que, a custo, parecia coar por entre os cílios sedosos a franjar-lhe as pálpebras, e compri-dos a ponto de projetarem sombras nas mimosas faces.
   
Era o nariz fino, um bocadinho arqueado; a boca pequena, e o queixo admiravelmente torneado.     Ao erguer a cabeça para tirar o braço de sob o lençol, descera um nada a camisinha de crivo que vestia, deixando nu um colo de fasci-nadora alvura, em que ressaltava um ou outro sinal de nascença.”


Regionalismo

“— Mas agora me conte, perguntou Pereira com ar de quem queria certificar-se de coisa posta muito em dúvida, deveras o senhor anda palmeando estes sertões para fisgar anicetos?
     — Pois não, respondeu Meyer com algum entusiasmo; na minha terra valem muito dinheiro para estudos, museus e coleções. Estou viajando por conta de meu governo, e já mandei bastantes caixas todas cheias... É muito precioso!
     — Ora, vejam só, exclamou Pereira. Quem havera de dizer que até com isso se pode bichar? Cruz! Um homem destes, um doutor, andar correndo atrás de vaga-lumes e voadores do mato, como menino às voltas com cigarras! Muito se aprende neste mundo! E quer o senhor saber uma coisa? Se eu não tivesse família, era capaz de ir com vosmecê por esses fundões afora, porque sempre gostei de lidar com pessoas de qualidade e instrução... Eu sou assim... Quem me conhece, bem sabe. Homem de repentes... Vem-me cá uma idéia muito estrambótica às vezes, mas embirro e acabou-se; porque, se há alguém esturrado e teimoso, é este seu criado... Quando empaco, empaco de uma boa vez... Fosse no tempo de solteiro, e eu me botava com o senhor a catar toda essa bicharada dos sertões. Era capaz de ir dar com os ossos lá na sua terra... Não me olhe pasmado, não... Isso lá eu era... Nem que tivesse de passar canseiras como ninguém... O caso era meter-se-me a tenção nos cascos... Dito e feito; acabou-se…Fossem buscar o remédio onde quisessem... mas duvido que o achassem.”

Nos dias de hoje, algumas histórias regionalistas foram adaptadas. A Escrava Isaura, por exemplo, foi adaptada pela Globo e posteriormente, pela Record. As características foram mantidas, com algumas adaptações, é claro.



Também em "Auto da Compadecida", percebe-se uma retratação dos costumes do interior nordestino, de uma forma cômica.

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