Romantismo - 2ª fase poesia

A segunda geração do romantismo, também conhecida como Ultra-Romantismo, recebeu a denominação de mal do século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão.
Entre seus principais autores estão Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire e Pedro de Calasans.


"No Brasil, ultra-românticos foram os poetas-estudantes, quase todos falecidos na segunda adolescência, membros de rodas boêmias, dilacerados entre um erotismo lânguido e o sarcasmo obsceno. Os que dobraram a casa dos vinte e cinco acumularam os fracassos profissionais e os rasgos de instabilidade, confirmando a índole desajustada desses 'poetas da dúvida', a que faltam por completo a afirmatividade dos românticos indianistas e a combatividade dos condoreiros."
(José Guilherme Merquior)



Nessa fase, as frustrações, o pessimismo, a fuga da realidade, a vida boêmia, spleen (tédio), o ambiente noturno e fúnebre, foram as principais características. Além disso, a mulher era um ser intocável, altamente desejada, mas o medo de amar era profundo.

Outras características

  • Liberdade criadora (o conteúdo é mais importante que a forma; são comuns deslizes gramaticais);
  • Versificação livre;
  • Dúvida, dualismo;
  • Tédio constante, morbidez, sofrimento, pessimismo, negativismo, satanismo, masoquismo, cinismo, autodestruição;
  • Fuga da realidade para o mundo dos sonhos, da fantasia e da imaginação (escapismo, evasão);
  • Desilusão adolescente;
  • Idealização do amor e da mulher;
  • Subjetivismo, egocentrismo;
  • Saudosismo (saudade da infância e do passado);
  • Gosto pelo noturno;
  • Consciência de solidão;
  • A morte: fuga total e definitiva da vida, solução para os sofrimentos;
  • Sarcasmo, ironia.

(...) Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade – é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
Só levo uma saudade – é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas ...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada
Que por minha tristeza te definhas!
De meu pai... de meus únicos amigos,
Poucos – bem poucos – e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.
Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!

Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores. (...)


Características observadas: melancolia (pronfunda tristeza), idealização da mulher intocável (repare na parte: É pela virgem que sonhei... que nunca / Aos lábios me encostou a face linda!), escapirmo da vida (no momento da sua morte, ele se lembra de quando era criança, de quando vivia com seus pais), desilusão amorosa.

Aqui está um exemplo de música gótica, que retrata um pouco características da 2ª fase do romantismo: Temas fúnebres e a morte como solução dos problemas.



End Of My Hope (O fim de toda Esperança) - Nightwish



É o fim de toda a esperança
Perder a criança, a fé
Acabar com toda a inocência
Ser alguém como eu

Reparem a presença do eufemismo, pq o autor da música utiliza-se de palavras mais brandas, que substituem o termo "vida", pois, na letra, caso fosse empregada, soaria mais forte.

Não acordarei para está manhã
Para ver outra rosa negra nascida
O leito de morte é lentamente coberto com neve

Reparem também uma característica marcante da 2ª fase do romantismo: o Spleen, tédio ou desgosto pela vida

Ferido está o cervo que pula mais alto
E minha ferida é tão profunda
Desligue a luz e deixe me puxar o plugue

As primeiras frases representam o spleen, já a última revela a consequência disso: o interesse da morte como solução dos problemas.

Mandylion sem uma face
Pedido de um moribundo sem uma oração
Fim da esperança
Fim do amor
Fim do tempo
O resto é silêncio
Outra passagem da música que utiliza-se de eufemismo para subsituir o termo: vida.

Outra característica: a vida boêmia...
Se entregavam a bebida


Os ultrarromânticos se entregavam à vida noturna


E outro aspecto muito importante: A idealização da mulher, um ser intocável, um anjo, símbolo da perfeição. E um detalhe: o amor não era correspondido. A seguir, uma música que retrata bem esses aspectos:

Trecho da música: O grande amor da minha vida

A gente morou e cresceu na mesma rua
Como se fosse o sol e a lua dividindo o mesmo céu
Eu a vi desabrochar, ser desejada
Uma jóia cobiçada, o mais lindo dos troféus

Eu fui seu guardião, eu fui seu anjo amigo
Mas não sabia que comigo
Por ela carregava uma paixão
Eu a vi se aconchegar em outros braços
E saí contando os passos, me sentindo tão sozinho
No corpo o sabor amargo do ciúme
A gente quando não se assume
Fica chorando sem carinho



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