Romantismo - Prosa Urbanista

Esse estilo de prosa romântica tem como principal característica, retratar (além de criticar) os costumes da sociedade carioca. Além de mostrar as belezas da cidade, as festas, os pontos turísticos, também apontava suas falhas, a hipocrisia e a superficialidade das pessoas. Geralmente seus enredos giravam em torno do ambiente cortês, onde o jogo de interesses típico da época era o centro dos problemas da trama. Esse tipo de romance inicia-se com "A moreninha", de Joaquim Manoel de Macedo, em 1844. Não poderia deixar de citar, é claro, José de Alencar, principal figura da prosa romântica, que publicou histórias urbanistas como "Senhora", "Diva" e "Lucíola". Outros autores também se destacavam como Manuel Antônio de Almeida, que publicou "Memórias de um Sargento de Milícias".



Nas histórias urbanistas, não poderia deixar de ser citada, é claro, a idealização amorosa, pois, apesar de todo um jogo de interesses, no final das contas, o amor sempre vence, seja de forma satisfatória ou trágica.  O ambiente cortês era bem retratado, e claro, todas as suas hitórias tinham a cidade do Rio de Janeiro (Capital do império) como plano de fundo. É evidente também, críticas em relação à sociedade burguesa da época; casamentos arranjados e a superficialidade dos ricos. Em algumas histórias, também, era presente a idealização feminina.

Abaixo, trechos de "Senhora", na qual, são mostradas todas essas características:

Ambiente Carioca

Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.

Idealização feminina

Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões.Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.
Era rica e formosa.
Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante
.
Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da Corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu -fulgor?Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia.


Superficialidade do ambiente cortês

A voz da moça tomara o timbre cristalino, eco da rispidez e aspereza do sentimento que lhe sublevava o seio, e que parecia ringir-lhe nos lábios como aço.
- Aurélia! Que significa isto?
- Representamos uma comédia, na qual ambos desempenhamos o nosso papel com perícia consumada. Podemos ter este orgulho, que os melhores atores não nos excederiam. Mas é tempo de pôr termo a esta cruel mistificação, com que nos estamos escarnecendo mutuamente, senhor. Entremos na realidade por mais triste que ela seja; e resigne-se cada um ao que é, eu, uma mulher traída; o senhor, um homem vendido.- Vendido! exclamou Seixas ferido dentro d'alma.
- Vendido, sim: não tem outro nome. Sou rica, muito rica; sou milionária; precisava de um marido, traste indispensável às mulheres honestas. O senhor estava no mercado; comprei-o. Custou-me cem contos de réis, foi barato; não se fez valer. Eu daria o dobro, o triplo, toda a minha riqueza por este momento.



Nos dias de hoje, é possível ver essas características em algumas novelas. Uma boa parte delas possui o Rio de Janeiro como plano de fundo, onde a idealização amorosa e a crítica à sociedade mais rica são presentes. E fazem sucesso, assim como as histórias urbanistas na época q foram lançadas.



Como a literatura romântica é reconhecida até nos tempos contemporâneos, em 1975, a Rede Globo adaptou "Senhora" como uma novela.

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