Parnasianismo

Para inicio de conversa irei introduzir as caracteristicas desse classe literária :

  •  OBJECTIVISMO E IMPESSOALIDADE
O poeta deve ser neutro diante da realidade, esconder seus sentimentos, sua vida pessoal. A confissão íntima e o extravasamento subjectivo, tão caros aos românticos, são vistos como inimigos da poesia. O Eu precisa se apagar frente do mundo objectivo, eclipsar-se. O espectáculo humano, cenas da natureza ou simples objectos são registrados, sem que haja interferências da interioridade do artista.
  •  ARTE PELA ARTE
Os parnasianos ressuscitam o preceito latino de que a arte é gratuita, que só vale por si própria. Ela não tem nenhum sentido utilitário, nenhum tipo de compromisso. É auto-suficiente e justifica-se apenas por sua beleza formal.
  •  CULTO DA FORMA
O resultado da visão descompromissada é a celebração dos processos formais do poema. A verdade de uma obra de arte passa a residir apenas em sua beleza. E a beleza é evidenciada pela elaboração formal. Logo:


POESIA = VERDADE = BELEZA = FORMA

Mas para os parnasianos forma seria a maneira de que poema pode ser apresentado, seus aspectos exteriores. Forma seria, então, a técnica de construção do poema. Isso representava uma simplificação primária do fazer poético e do próprio conceito de forma que passava a ser apenas uma fórmula. Uma fórmula resumida em alguns itens básicos:

a) Metrificação rigorosa: os versos devem ter o mesmo número de sílabas poéticas, preferencialmente doze sílabas (versos alexandrinos), os preferidos na época.
Ou apresentar uma simetria constante, do tipo: primeiro verso de oito sílabas, segundo de quatro sílabas, terceiro de oito sílabas, quarto com quatro sílabas, etc.


b) Rimas ricas: os poetas devem evitar as rimas pobres, isto é, aquelas estabelecidas por palavras da mesma classe gramatical, como substantivo com substantivo, adjectivo com adjectivo, etc.

Exemplos disso é o poema Via Láctea de Olavo Bilac que se encontra rimas muito ricas.

Via Láctea

Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto,
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E ao vir do Sol, saudoso e em pranto
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado-amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Têm o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

c) Preferência pelo soneto: os parnasianos reivindicam a tradição clássica do soneto, composição poética de quatorze versos - articulada obrigatoriamente em dois quartetos e dois tercetos - e que se encerra com uma "chave de ouro", espécie de síntese do poema, manifesta tão somente no último verso.


Um exemplo disso é um Soneto de Patativa de Assaré autor conteporâneo Parnasiano .



Amanhã


"Amanhã, ilusão doce e fagueira,
Linda rosa molhada pelo orvalho:
Amanhã, findarei o meu trabalho,
Amanhã, muito cedo, irei à feira.

Desta forma, na vida passageira,
Como aquele que vive do baralho,
Um espera a melhora no agasalho
E outro, a cura feliz de uma cegueira.

Com o belo amanhã que ilude a gente,
Cada qual anda alegre e sorridente,
Como quem vai atrás de um talismã. 

 
Com o peito repleto de esperança,
Porém, nunca nós temos a lembrança
De que a morte também chega amanhã."



d) Descritivismo: eliminando o Eu, a participação pessoal e social, só resta ao parnasiano uma poética baseada no mundo dos objectos, objectos mortos: vasos, colares, muros, etc. São pequenos quadros, fortemente plásticos (visuais), fechados em si mesmos, com grande precisão vocabular e frequente superficialidade.

Exemplo de Descritivismo é esse poema  de Alberto de Oliveira ao relatar um vaso grego.

Vaso Grego



Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de os deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.


Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora esvaziada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.


Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas há de lhe ouvir, canora e doce,


Ignota voz, qual se de antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.
  •  TEMÁTICA GRECO-ROMANA
Apesar de todo o esforço, os parnasianos não conseguem articular poemas sem conteúdo e são obrigados a encontrar um assunto desvinculado no mundo concreto para motivo de suas criações. Escolhem a Antiguidade Clássica, aspectos de sua história e de sua mitologia.

  A poesia   contemporânea apresenta nomes como Patativa do Assaré, Ana Cristina César, Adélia Prado e Mário Quintana, entre outros

Os principais poetas dessa classe literaria :


  1. Olavo Bilac  
  2. Alberto de Oliveira
  3. Raimundo Correia 



    Olavo Bilac ,Alberto de Oliveira e Raimundo Correia

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